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A história de Jurerê Internacional

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A história de Jurerê Internacional

Índios itararés, índios carijós, a Ponte Hercílio Luz, o ex-Governador de Santa Catarina Aderbal Ramos... o que têm estes elementos tão díspares a ver com Jurerê Internacional? Tudo. São destinos que se cruzam. Florianópolis, Santa Catarina. Este lugar tão especial tem muita história pra contar. 

Da natureza intocada aos primeiros habitantes da Ilha de Santa Catarina

Acredita-se que, há 120 mil anos, o que é hoje a Ilha de Santa Catarina era um arquipélago, formado por pelo menos 9 ilhas. Ao Norte, só existiam o morro do Forte de São José da Ponta Grossa e o morro de Canasvieiras. Entre eles, o mar que chegava até outra ilha, mais para o Sul, onde hoje está Ratones.

Com as oscilações do mar, ações do vento e inúmeros outros fatores climáticos, faixas de terra foram sendo construídas pela natureza. A cada mil anos, uma faixa se consolidava, formando uma planície costeira. É na planície formada entre o que antes eram três ilhas que hoje está Jurerê Internacional, à jusante da bacia hidrográfica do Rio Ratones, que irriga toda a planície. 

Da ação da natureza, a beira-mar (hoje o bairro Ratones) transformou-se em mata e reservou, entre muitas nascentes de água doce, uma que dá origem ao Rio Ratones. A planície foi ganhando feições diferentes com alagados, mangues, restingas e florestas, conhecidas cientificamente como "florestas de planícies quaternárias". Essas florestas ocupam as áreas mais antigas deste solo e são uma transição entre a restinga e a "Floresta Ombrófila Densa", a Mata Atlântica, como a conhecemos, que cobre as encostas dos morros. 

Devido à forma como foi constituída, a planície possui solo arenoso, formado por sedimentos marinhos, durante o período geológico do quaternário. Hoje, as áreas desse tipo, de praia, são as mais desejadas e valorizadas - em todo o Brasil - para o desenvolvimento urbano. 

E sempre o foram. Os primeiros habitantes da Ilha, há cerca de 4.500 anos, também escolheram as praias para viver. A ocupação começou pelo Sul, na praia do Pântano do Sul. No século X, os índios "itararés" escolheram a Praia da Tapera, também ao Sul, para começar a migração até o Norte, pela costa do mar de dentro, até a Praia de Ponta das Canas. Já no século XVI, quando chegaram os primeiros europeus, habitavam a região, há cerca de 200 anos, os ameríndios guaranis, chamados de "carijós". 

Os carijós ocuparam mais densamente a Ilha, que para eles tinha o nome de Meiembipe ou "montanha ao longo do canal", numa alusão à visão que tinham, ao observá-la do Continente. Foram habilidosos ceramistas e produziram vasilhames bem acabados e decorados, com traços precisamente retos, para as mais diversas utilizações. 

Escolheram para morar as planícies de terrenos arenosos e com dunas, onde cultivavam mandioca, que se adaptou muito bem neste tipo de solo. Dela os carijós faziam a farinha. Plantavam também espécies de milho, inhame, algodão, amendoim, pimenta, tabaco e cabaça (um tipo de porongo, planta usada para fazer cuias e conchas). 

Pelos relatos já dos primeiros europeus que chegaram à Ilha - os espanhóis da expedição de Alvar Nuñes Cabeza de Vaca -, pode-se arriscar afirmar que os índios carijós foram os precursores do "manezinho da Ilha" (nativo da Ilha de Santa Catarina), devido ao estilo pacífico de viver e à receptividade com que se relacionavam com os visitantes estrangeiros que chegavam a esta terra, com o objetivo de alcançar Assunção, no Paraguai, pelos rios Itapocu, Negro e Iguaçu. Relatos revelam que os atenciosos e tranqüilos carijós pareciam ter mais agradado e atraído do que assustado os visitantes europeus e, aparentemente, não se incomodavam com as visitas de estrangeiros. 

Por causa do convívio pacífico na Ilha - diferentemente de outros lugares, onde o contato entre "nativos" e estrangeiros resultou em muitas mortes -, já nas primeiras décadas de 1500 alguns expedicionários europeus se recusaram a regressar à Espanha, preferindo aqui ficar. E este magnetismo continua até hoje. 

Apesar das inúmeras expedições espanholas, a Ilha de Santa Catarina só começou a ser efetivamente ocupada pelos portugueses - seus donos de direito - a partir da metade do século XVIII. E, desde aquela época, a ocupação da área e da praia de Jurerê foi diferenciada. 

No Norte da Ilha, os primeiros habitantes se fixaram em Canasvieiras (umas das praias mais procuradas, sobretudo por argentinos). Para se locomoverem até os outros povoados, seguiam pelo mar em direção à Ponta das Canas ou pelo Rio Ratones - que deságua em Sambaqui -, em direção ao Centro, economizando um quarto da viagem. Com isto, Jurerê ficou preservada. 

Da Ponte Hercílio Luz à praia preferida: Jurerê

A primeira ocupação fixa de Jurerê de que se tem conhecimento ocorreu por volta da década de 20, há apenas 80 e poucos anos. E tem tudo a ver com o principal marco do desenvolvimento da cidade de Florianópolis e o mais importante cartão postal do Estado: a Ponte Hercílio Luz, internacionalmente conhecida por ser uma das maiores pontes pênseis de ferro do mundo. 

A construção da Ponte só pôde começar, em 1922, depois que Antônio Amaro, construtor naval e dono de estaleiro instalado na área onde hoje está apoiada a cabeceira insular, foi realocado. As terras que hoje formam Jurerê, mais uma parte da Ponta da Daniela, foram oferecidas pelo Governo como forma de indenização pela ocupação de suas propriedades à cabeceira da então futura ponte - que seria o novo marco do desenvolvimento econômico da cidade. 

Antes disso, todas as terras que vão do Rio das Conchas (limite com Canasvieiras) até a Ponta da Daniela eram usadas pelos habitantes das proximidades como "terras comunais", ou seja, de uso comum. Ninguém morava ali, mas o espaço era utilizado como pasto para o gado e como fonte de lenha (tanto para consumo próprio quanto para a venda). 

Apesar de algumas reclamações e atritos com os usuários do campo, Amaro foi demarcando suas terras aos poucos. Quando alguém lhe mostrava documentos provando a posse do terreno, o construtor naval não discutia e modificava o traçado de sua propriedade. No entanto, essa demarcação não provocou nenhuma grande mudança nos hábitos dos usuários, uma vez que Amaro não impedia que continuassem a colocar o gado e a catar lenha ali - e todos reconheciam a região como "Campo de Antônio Amaro", nome que até hoje é lembrado pelos mais antigos. 

Há relatos de que Amaro construiu engenhos para que aqueles que não os tinham pudessem também produzir farinha - desde que lhe pagassem o terço. Ele passou a ser também o vendedor de lenha retirada da área e enviada para o centro, sendo muitas vezes ludibriado pelos produtores, que colocavam gravetos, tábuas e lenha de baixa qualidade entre os feixes bons. 

A realidade, no entanto, é que Amaro nunca recebeu as escrituras definitivas destas terras. Com sua morte, a viúva contratou o advogado Osvaldo Bulcão Vianna para garantir seus direitos. Mas os comentários da época diziam que a vontade de Bulcão Vianna era de se apoderar dos terrenos. Outro advogado, contratado na mesma época, foi Aderbal Ramos da Silva (político liberal), que em 1935 comprou toda a área da viúva. A partir desta data, pode-se afirmar que Jurerê Internacional - Residencial e Resort esteve intimamente relacionado com a política de Santa Catarina. Aderbal Ramos da Silva foi governador do Estado. 

Com a redemocratização, em 1945, a questão política começou a atrapalhar a vida do povo que trabalhava ali, que, até então, pouco sabia sobre os destinos legais daquelas terras. 

Afinal, o poder político local alternava-se entre UDN e PSD. A partir daí, só tinham direito ao campo aqueles que fossem simpatizantes da corrente partidária no poder. 

Muitos dos produtores que haviam construído benfeitorias no local - galpões, engenho, etc. - tiveram que abandonar tudo, pois os "capangas" do partido no poder iam lá e destruíam o que não era de correligionários. 

A colocação de placas de propriedade particular, por volta de 1956, fez com que, pouco a pouco, o gado fosse retirado dos campos. O encerramento das atividades comunais na região foi marcado pelo surgimento da Imobiliária Jurerê, cujo principal sócio era Aderbal Ramos da Silva, que proibiu o uso dos terrenos e a retirada de lenha. 

Contam os antigos moradores que um dos engenheiros da imobiliária, identificado como Petry, tentou se apossar até da praia, mas foi impedido pela legislação municipal, que estabelecia uma distância mínima de 35 metros da maré mais alta. 

Pouquíssimos ex-usuários das terras comunais conseguiram permanecer nelas. Uma das exceções foi o Sr. Chrisóstomo Campos, ou simplesmente Seu Criso, que apenas em 1985 obteve a escritura pública de seu terreno. 

Outra comunidade que sofreu com as ações da imobiliária foi a da região do Forte, onde vários pequenos produtores possuíam engenhos e foram expulsos pelo Exército, por solicitação da empresa. 

Na década de 70, com a pavimentação da SC-401, os terrenos das Praias do Norte, como se diz na Ilha de Santa Catarina, começaram a ser valorizados, e o fluxo de pessoas para lá aumentou significativamente. 

Os arredores de Jurerê, no entanto, continuavam bastante inalterados. Havia a pequena comunidade da praia do Forte e a propriedade do Clube 12 de Agosto, seleto clube social de Florianópolis, já onde é hoje Jurerê Internacional. Na praia de Jurerê ("tradicional", como é conhecida atualmente, em contraposição ao empreendimento Jurerê Internacional), o que havia eram cabanas para o abrigo de barcos dos pescadores. Isso porque, diferentemente de outras praias da região, que sofrem com falta de água, nas terras de Jurerê o lençol freático chegava quase à superfície do solo, inibindo as ações imobiliárias predatórias que se caracterizavam por todo o litoral da Ilha e, especialmente, no litoral Norte. 

Apesar destas e de outras dificuldades, como a de acesso, a praia de Jurerê era a preferida das famílias numerosas, que logo escolheram o local pela comodidade, pela sombra. A vegetação chegava até a beira da praia, com árvores de porte médio, e tinha também os eucaliptos plantados para enxugar o solo. 

O lugar era um convite ao descanso numa preguiçosa rede de dormir. Isto depois de um churrasco feito ali mesmo, entre as pedras dos trechos de costão que se encontram com o mar. A areia, limpa e suave, era o espaço perfeito para jogos de futebol, vôlei e frescobol. O mar calmo, uma piscina para as crianças e uma tranqüilidade para os pais. Enfim, o lugar ideal, mas que apenas os conhecidos como "farofeiros" se aventuravam a freqüentar. 

A aquisição das terras: assim nasceu Jurerê Internacional 

"Deus tem que ter passado antes e feito alguma coisa que a gente não consegue fazer com o dinheiro, para depois nós tentarmos, preservando ao máximo o que Deu fez, dar o nosso conceito de qualidade e estilo, trabalhando com a organização de comunidades". E, de fato, em Jurerê Internacional - Residencial e Resort, "Deus" caprichou em beleza natural. 

Estas palavras de Péricles de Freitas Druck (Presidente do Grupo Habitasul) explicam bem por que, já em meados de 1978, a Habitasul Empreendimentos Imobiliários, "land developer", já visualizava estas terras como um empreendimento desenvolvido. 

"Um dia, nesta época, o ex-governador Aderbal Ramos mandou me chamar", conta Péricles. O Governador, como ficou sendo chamado até o final da vida, já estava praticamente cego e passava a maior parte do tempo na sede do Iate Clube, em Jurerê. "Ficamos o dia todo conversando, almoçamos juntos e falamos sobre os mais diversos assuntos. No final do dia ele finalmente disse: concordo em te vender estas terras porque percebo que vais dar continuidade a um plano meu. E eu não quero morrer deixando uma coisa sequer sem fazer." 

E foi assim que, dias depois, Péricles e Eurito (Vice-Presidente do Grupo) oficializaram a compra dos primeiros 495 hectares (49,5 km2 ou 4,95 milhões de m2) de Jurerê Internacional. A escritura demorou dois ou três dias para ser preparada, porque eram várias áreas que iam ser vendidas. "A assinatura do Governador foi colhida numa sexta feira, às 9 horas da noite, na residência dele", lembra Deoclécio Lino Herrmann, um dos Diretores da Habitasul na época. 

Além de adquirir as terras, o Grupo Habitasul herdou a resistência que havia entre as comunidades vizinhas, que, desde as mudanças ocorridas em 1945, estavam em conflito e mais uma vez se sentiam ameaçadas. Acreditando que, a partir do momento em que o novo projeto para a área fosse entendido pela comunidade a paz retornaria a estas paragens, o Grupo Habitasul deu início à implantação do empreendimento Jurerê Internacional. 

O "sobrenome" Internacional veio para diferenciar o empreendimento - pelo conceito de estilo de vida - do bairro Jurerê, que já existia e que, com o passar do tempo, foi ficando conhecido como Jurerê "tradicional" ou Jurerê "antigo". Apesar desta diferenciação de nomes, pelos registros da prefeitura ambos são um bairro só. 

Em 1995, a área de Jurerê Internacional foi acrescida de mais 705 hectares, passando a ficar, então, com 1.200 hectares ou 12 milhões de m².

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